Casos foram detectados no RS, SC, SP e MS; Análises laboratoriais identificaram agrotóxicos em cerca de 80% dos enxames mortos no RS

As abelhas são os animais mais famosos quando pensamos em polinização. E elas fazem juz a essa fama: são responsáveis por 71% das culturas agrícolas que correspondem a 90% da alimentação mundial. E todo este sistema é dependente da sua polinização, dados já confirmado pelas Nações Unidas.

Nos últimos três meses, mais de 500 milhões de abelhas foram encontradas mortas por apicultores apenas em quatro estados brasileiros, segundo levantamento da Agência Pública e Repórter Brasil.

Foram 400 milhões no Rio Grande do Sul, 7 milhões em São Paulo, 50 milhões em Santa Catarina e 45 milhões em Mato Grosso do Sul, segundo estimativas de Associações de apicultura, secretarias de Agricultura e pesquisas realizadas por universidades.

Fonte: Estimativas de Associações de apicultura, secretarias de Agricultura e pesquisas realizadas por universidades/ Agência Pública

Infelizmente o uso desenfreado de agrotóxicos vem diminuindo potencialmente os números de abelhas e suas colônias. Em alguns lugares elas já são apontadas com risco de extinção, evento que tem sido chamado de “distúrbio do colapso das colônias”. O principal motivo é o uso de pesticidas como o neonicotinóide, que já foi banido na Europa mas continua a ser usado em abundância em alguns países, como no Brasil.

O principal causador, afirmam especialistas e pesquisas laboratoriais analisadas pela reportagem, é o contato com agrotóxicos à base de neonicotinoides e de Fipronil, produtos proibidos na Europa há mais de uma década.

Esses ingredientes ativos são inseticidas, fatais para insetos, como é o caso da abelha, e quando aplicados por pulverização aérea se espalham pelo ambiente.

As abelhas são as principais polinizadores da maioria dos ecossistemas do planeta. Voando de flor em flor, elas polinizam e promovem a reprodução de diversas espécies de plantas.

No Brasil, das 141 espécies de plantas cultivadas para alimentação humana e produção animal, cerca de 60% dependem em certo grau da polinização deste inseto.

Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), 75% dos cultivos destinados à alimentação humana no mundo dependem das abelhas.

Cerca de 100 milhões de abelhas foram encontradas mortas em Cruz Alta apenas no último trimestre. Por receio de contaminação, os apicultores jogam fora todo o mel produzido pelos insetos

Apesar do panorama negativo, o crescimento da agricultura orgânica assim como o seu consumo tem cooperado na preservação das abelhas. Por serem livres de agrotóxicos na sua produção, os orgânicos são também uma alternativa saudável tanto para nós quanto para meio ambiente.

E lembre-se: o bem que você faz para o mundo, sempre volta para você!

* Parte deste conteúdo foi publicado originalmente no site da Agência Pública.

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